Na manhã de 8 de dezembro de 1980, morreu ALBERTO BERTELI. Veterano da Aviação, Berteli passou grande parte de sua vida no ar.
Nascido em São Roque, cidade do interior paulista, em 1914, foi para a capital do Estado em 1937, quando ingressou no Aeroclube de São Paulo para aprimorar-se na arte de voar.
Em 1947, BERTELI recebeu o título de Campeão Sul-americano de Acrobacia.
O primeiro encontro de BERTELI com a “Esquadrilha da Fumaça” foi na cidade de Catanduva, em 1952. No princípio, disputavam cerradamente a atenção do público; depois foram aproximados pelo Comandante da “Esquadrilha”, o então Ten Av Braga. Mais tarde foi convidado a participar da “Fumaça” como membro honorário.
ALBERTO BERTELI e a “Esquadrilha da Fumaça” fizeram inúmeras apresentações em conjunto. Sua participação na “Fumaça” lhe valeu o título de Brigadeiro-do-Ar, conferido recentemente por Sua Excelência o Presidente da República, João Baptista Figueiredo. É o único piloto civil a ter recebido esta honraria. BERTELI foi um incansável idealista, cujo trabalho sempre se voltou para o desenvolvimento da Aviação Brasileira; foi, sem dúvida, o maior e melhor piloto que o Brasil já conheceu.
Homem como poucos, deu inúmeras lições a todos que o conheceram no âmbito da Aviação, e mesmo fora dela. BERTELI descobriu, sozinho, pela vida afora, a grandeza da Humanidade; foi uma figura humana de dimensões extraordinariamente colossais. São bem conhecidos o seu espírito prático e sua personalidade simples e contagiante.
Sua afirmação de que “enquanto uns precisavam de bebidas, outros de cigarros, e outros, ainda, de mulheres para se motivarem, ele, como nós, com simplicidade, precisava mesmo de Gs positivos e negativos” é realmente emocionante. Somente quem já sentiu pode avaliar a força desta expressão, que, na realidade, é um verdadeiro hino de amor à Aviação e, em particular, à Acrobacia.
Pelo seu tipo e por seus atos, foi a grande figura legendária da Aviação Brasileira, o derradeiro representante da Aviação Romântica, procedente de uma safra de homens em extinção.
Seu último show aéreo foi realizado em São Carlos, no domingo que precedeu sua morte.
Conta-se que grande parcela de Oficiais Aviadores da Força Aérea encontrou, nesses idealistas da Aviação, motivações que despertaram suas vocações. Enquanto nos céus os aviões evoluíam em acrobacias emocionantes, lá em baixo, centenas de jovens projetavam seus sonhos nas asas daqueles homens dedicados à técnica e à arte de voar. Jovens como nós, aliando o sonho de voar ao ideal de servir à Pátria.
O coração do Veterano, Campeão de Acrobacias, parou de pulsar. Restam apenas a sua flauta, as saudades, as lembranças dos amigos e o velho “Bueckert“, esperando eternamente. Assim também é perene nossa profunda admiração por este Exemplo de persistência, tenacidade, espírito de luta e amor à Aviação, de quem tomamos o nome com que batizamos nossa Turma:
“TURMA ALBERTO BERTELI”