Quando estou no melhor das férias tenho que voltar para BQ! ? Êpa . . . ia me esquecendo: asa dourada, ponto branco, distintivo novo. Éramos alunos do segundo ano. Começa o ano de 1977.
Ao cruzar o Portão das Armas senti uma nova emoção correr meu peito. Uma emoção mesclada de antíteses: alegria e tristeza, revolta e aceitação. Meus pais, onde estavam, onde estava minha garota, que embora a tenha conhecida no dia primeiro, já a amava? Seriam momentos difíceis a passar, mas estava disposto a lutar desde o início por mais este ano.
Trezentos e poucos calouros. Tímidos e espantados, como nós, há um ano antes.
Sentia-me um tanto superior naquela situação e pisava com força o chão do alojamento do segundo ano, para não mais duvidar da realidade. Muita coisa iria mudar!
Todos riam e brincavam e, de preferência, com os companheiros que ainda estavam chegando. Um novo mundo que seria meu durante mais este ano!
Estávamos sem roupa de cama e sem a nossa farda “mofada” dos longos três meses que passaram dentro da sacola de pano.
Nesta noite, tivemos a oportunidade de encontrar a Turma de 57 no encontro “Dos vinte anos depois”. A noite correu de brincadeiras entre nós, principalmente o Cordeiro, e os oficiais e civis dessa Turma. Mas eu queria era dormir para estar disposto na aula inaugural.
Tudo correu tranquilo até sabermos da notícia: vinte e cinco dias de prisão.
Trote! Dois companheiros nossos fazendo o que sempre foi considerado como brincadeira durante anos, deixados em situação difícil.
O tempo voa e chega a Lima Mendes. O terceiro ano tremia com medo de perder o trono de campeão das competições. Sabíamos que não, mas lutaríamos! Para isso tínhamos o apoio do nosso Comandante de Esquadrão, o cap. Davi, e o nosso famoso ten. Fernandes Nízio agitava a torcida e esta o time. Era duro cada derrota de nossas equipes de atletismo, natação, vôlei e tiro. Mas arrancamos deles as taças de basquete, judô, e, tradicionalmente, a do futebol. Ah, ia esquecendo de mencionar que a melhor torcida foi consagrada a nossa, ganhando, assim, a minha Turma, o primeiro troféu relativo a esta disputa entre torcidas.
Muita coisa mudou: tínhamos que assistir sete aulas ao invés de seis, e era bastante cansativo.
Mas até que ajudava o tempo a passar mais rápido. Tudo ajudava, menos o nosso grau relativo que só abaixava!
Aqui estávamos em uma semana de descanso, pois começava a NAE e esta seria na Escola. Lá estávamos para arrancar o nosso bicampeonato. Os três anos se unindo para vermos mais tarde o Comandante da Escola receber a taça de Campeão da XIII NAE.
Já estou na quarta bimestral e vi todos os meus esforços, durante o ano letivo, recompensados. Vi, em cada nota que saía, a alegria de saber que tinha passado direto. É, mas tive que fazer duas, apesar de tudo.
HS-05, para as provas finais. Estava tranquilo e aproveitava as noites para jogar War, que tinha virado mania no nosso meio. Mas ninguém ainda tinha se conformado com o desligamento do paulista Saraiva.
Esse ano foi gostoso de se ver passar, mas com ele, muitos colegas ficaram nesses duros degraus iniciais. Muitos não conseguiram, outros desistiram visando para si outra vida. Sei que, durante as férias, muitos outros desistirão. Mas, com o desânimo de alguns, a maioria retornará confiante para a nossa última etapa na EPCAR.
Corri com os olhos o alojamento que irradiou durante oito meses um calor humano incrível, transformado em algo frio e vazio.
Dava adeus, pois não retornaria mais àquelas boas horas de segundo anista.